terça-feira, junho 22, 2010

DIÁRIO DE BORDO

Diário de bordo, data estelar 11 de junho de 2010 (sexta-feira). Depois de dias de ansiedade, esgotamentos, vontade de pegar pelo menos uns três pelo pescoço, eis que finalmente deixei Curitiba. Destino: Praia da Pipa, Município de Tibau do Sul/RN. Seguimos Eu, meu valente leãozinho, um Peugeot 106, ano 2000, e minha gata: Frida. A viagem fora programada por etapas, com primeira parada em Belo Horizonte, para rever família e alguns amigos. Garantia de emoção e adrenalina. O leãozinho fora revisado, mas como nunca havia comigo percorrido grandes percursos, e estava lotado até o teto, me deixava bastante apreensivo. Mas ele se mostrou valente e econômico. Frida, também me causava receios, afinal, nunca havia saído de casa. Mas ambos foram perfeitos. Frida dormiu por todos os 1100 Kilometros percorridos até Belo Horizonte. É claro que eu tinha de me perder em São Paulo, primeiro disseram, siga a Pinheiro direto e encontrará placas indicando a Fernão Dias, mas as tais placas não existem. Cheguei ao final da Pinheiro e fui informado que devia voltar e pegar a Tietê, nada que alguns 50 km a mais não resolvam. Meu Deus, 1100 Kilometros ao todo, nem sei como agüentei, os últimos 200 ganharam uma imensidão absurda e o pedal do acelerador parecia cada vez mais pesado. Coisa de obra divina ou sei lá que tipo de força, mas percorri 530 km com a correia do alternador completamente fora do alinhamento. Uma pequena falha, pra não dizer coisa pior, do mecânico que me deixou quase louco durante dois dias antes da saída. Mas por incrível que pareça a tal correia se soltou exatamente quando eu passava pela entrada de Atibaia/SP, bem onde a menos de 100 metros havia um posto e uma oficina. O mecânico local percebeu o desalinhamento, mas queria fazer uma pequena “gambiarra” para corrigir o problema, ainda bem que minha curiosidade me levou a perceber que o anterior havia encaixado uma peça de forma errada, o que causara o problema. Ok, mãos sujas de graxa, como um perfeito assistente do mecânico, peça recolocada e problema resolvido. Cheguei então em Belo Horizonte já às 22 h. Revi alguns parentes, matei saudades do colo dos pais e para dia 14, logo cedo, a viagem segue seu rumo. Desta vez programada em três etapas, com média de 700 Kilometros por dia. Segue...

Diário de bordo, data estelar 14 de junho de 2010 (segunda-feira). Deixei a casa de meus pais, em Belo Horizonte, logo cedo. Nesta etapa da viagem pretendia seguir até Vitória da Conquista/BA. No entanto o trajeto entre Belo Horizonte e Ipatinga/MG, é uma verdadeira tortura. Estrada estreita, muitas serras e muitos; muitos caminhões, o que causa bastante atraso e desgaste. Neste percurso destaco o belíssimo cenáriol. Ao final do dia, uma montanha rochosa, desprovida de vegetação, devido ao por do sol, exibia em seu topo uma luz avermelhada que parecia um gigantesco cobertor cobrindo a mesma. Ao fundo o céu exibia nuvens rosadas, e a oeste o sol se recolhia numa explosão de cores e efeitos luminosos. Cheguei já ao anoitecer em Cândilo Sales, uma pequena cidade próxima a Vitoria da Conquista. O cansaço me obrigou a parar por ali mesmo. Uma pousada simples, mas a contento. Amanhã sigo até Aracaju/SE, pelo menos pretendo. Segue...

Diário de bordo, data estelar 15 de junho de 2010 (terça-feira). Saí logo cedo como de costume, a cidade estava envolta em neblina e pouco se enxergava, ao nascer do sol a neblina se dissipava revelando belos cenários ao longo do caminho. Do alto se avistava mantas de neblinas que cobram áreas mais baixas. Segui percurso até Feira de Santana, de lá pra frente, a viagem se complicou um pouco, devido a uma informação errada, ao invés de seguir para o lado de Salvador, para pegar a BR 101, segui direto pela BR 116. Muitos e muitos caminhões pelo caminho, e meu pedido íntimo foi atendido, aparentemente todos se retiraram da estrada para o Jogo do Brasil. A estrada então estava vazia e acompanhei o jogo pelo rádio, e vibrei sozinho com os dois gols. No entanto, depois de alguns kilometros comecei a me perguntar se estava no caminho certo, fui então informado que sim, e que seguindo “por aqui e ali” chegaria à Aracaju. Já anoitecendo peguei a BR 430, e depois a BR 110. Parei num posto em Cícero Dantas/BA, já era noite. Fui entãoi informado que deveria voltar cerca de 500 metros e pegar outra estrada que me levaria à Aracaju. De fato, mas não fui informado que a tal estrada, BA 303, simplesmente nem existia, pois não se pode dar esta definição para um caminho tão ruim. Parei então em um lugar que não ouso chamar de cidade, e que se Fátima/BA. Numa estrada tão ruim e já de noite, desisti de seguir viagem. Encontrei em Fátima, um lugar que pretensamente se denomina como hotel. “Tem garagem?” Sim... No entanto depois de guardar o carro fui informado que deveria tirá-lo no máximo às 5:30 h, pois na rua tem feirinha. O quarto era razoável. Hora do banho, “sem banho quente” ? Como assim? Procurei a pretensa dona do hotel: “Mas você quer banho quente”? ... Horas, eu não sabia que era tão absurdo assim desejar um banho quente. Amanha sigo via Recife, por um caminho mais longo, novamente pela BR 110, pois 40 kilometros de buracos não são admissíveis. Segue...

Diário de bordo, data estelar 16 de junho de 2010 (quarta-feira). Acordei às 5:00 h pois a “simpática” senhora o hotel havia me informado que deveria tirar o carro no máximo as 5:30 h, devido a tal feirinha. Pra minha surpresa eu era a única alma viva que estava acordada naquele “hotel”. Porta aberta, ninguém pra receber o pagamento da hospedagem e me liberar. Conferi o portão da garagem e por sorte estava aberto. Retirei o carro, fiz barulho, aguardei e nada. Nada mais me restou que ir embora sem pagar a hospedagem, eu bem que tentei. Bom, já resolvido a não seguir pelos 40 fatídicos kilometros esburacados, segui viagem pela BR 110, rumo a Recife/PE. Neste dia eu não previa que a viagem teria alguns percalços. Segui até Paulo Afonso, divisa de Bahia com Alagoas. BR 423, a estrada então começou a piorar, mas longe estava de ser tão absurda quanto aqueles 40 kilometros. Passei por Alagoas e entrei em Pernambuco. Serra, chuva, caminhões, cheguei a Garunhuns/PE, dali pra frente a estrada ficou ótima, asfalto novo, e longo trecho duplicado que se estende de Caruarú a Recife. No entanto meu leãoinho começou a mostrar cansaço. Em Gravatá, metade do caminho a correia, aquela mesma correia que se soltou em SP, desta vez arrebentou. Resultado: Rebocado até Recife, em busca de uma oficina. São Pedro resolveu judiar dos Pernambucanos. Tudo alagado. Após oficina procurei uma agencia bancária. Aturdido com a chuva e o cansaço, estourei um dos pneus dianteiros do carro. Sob chuva troquei o pneu estourado pelo estepe, e resolvi que era mais do que necessário parar para descansar. Com chuva, exigindo que o leãozinho soubesse nadar, procurei inutilmente um hotel, pousada, ou coisa que o valha. Sai de Recife, a chuva insistia, o transito caótico. Nada de acomodação à vista. Por fim dirigi até Camaragibe, 15 Km. Nesta altura eu já implorava por um lugar para descansar. Encontrei então um Motel chamado Águas Claras. R$30,00 a pernoite, isto dispensa maiores comentários. No entanto o jantar estava ótimo (risos). Minha primeira vez sozinho em um motel, dormi o sono dos anjos.

Diário de bordo, data estelar 17 de junho de 2010 (quinta-feira). Logo cedo deixei o Águas Claras. A chuva continuava e as águas nada tinham de claras. Segui até João Pessoa/PB. Precisava de um novo estepe. Novamente o carro precisava ser anfíbio. Consegui estepe. A viagem de João Pessoa/PR à Goianinha/RN, pela BR 101, foi torrencialmente lavada pelas chuvas. Tensão e cansaço acumulado. Mas com espírito de segurança e a certeza de que a viagem estava chegando ao fim, segui. Quando passe do limite entre os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, nem acreditava. Cheguei feliz a Goianinha, cidade de acesso a Pipa. Felicidade e alívio ao avistar a placa indicativa. Cheguei finalmente a Pipa, nos dia 17 de junho, por volta das 11:30 da manhã. Foram ao todo cerca de 3.200 kilometros, 07 dias de viagem contando com as paradas. Belas paisagens pelo caminho. E muita emoção presente a todo tempo. Cá estou, agora uma nova etapa se inicia. Até a próxima meus amigos.

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